A Procuradoria-Geral da República (PGR) manifestou-se contrária ao pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para viajar aos Estados Unidos, com o objetivo de participar da cerimônia de posse de Donald Trump no próximo dia 20 de janeiro. Além de negar a devolução temporária do passaporte de Bolsonaro, a PGR destacou que o pedido não apresenta justificativa de interesse público que prevaleça sobre as medidas cautelares vigentes. O caso acende alertas para possíveis repercussões diplomáticas envolvendo o Brasil e os Estados Unidos.
Contexto e posição da PGR
O pedido de Bolsonaro, encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), foi submetido ao ministro Alexandre de Moraes, que solicitou parecer da PGR. Em sua manifestação, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, reforçou que o ex-presidente está sob restrição de saída do país desde fevereiro de 2024, em razão de investigações que apuram sua suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado.
Gonet afirmou que a retenção do passaporte de Bolsonaro é medida destinada a assegurar a aplicação da lei penal e preservar a ordem pública. "O pedido esbarra na falta de demonstração de que o interesse público, que fundamenta a proibição de sua saída do país, deva ceder ao interesse privado do requerente de assistir, presencialmente, à posse do presidente da República dos Estados Unidos", declarou Gonet.
O procurador também observou que Bolsonaro não ocupa função oficial que justifique sua presença na cerimônia, afastando qualquer caráter de representação diplomática ou estatal.
O pedido e a justificativa da defesa
A defesa de Bolsonaro anexou à petição um convite recebido por e-mail do Comitê Inaugural Presidencial de Trump, supostamente enviado ao deputado Eduardo Bolsonaro. Os advogados explicaram que o convite veio de um domínio oficial criado especificamente para comunicações do evento. Reforçaram ainda que, nos Estados Unidos, é prática comum utilizar domínios temporários para eventos inaugurais.
A defesa argumentou que a viagem de Bolsonaro seria um gesto de cortesia internacional, considerando a relação histórica entre o ex-presidente brasileiro e Donald Trump. Alegou também que a ausência de Bolsonaro na cerimônia poderia ser interpretada como uma ruptura na diplomacia informal mantida por ambos os líderes.
Repercussões diplomáticas e possíveis danos à imagem do Brasil
A negativa do STF, especialmente em um contexto de alta visibilidade internacional, pode gerar ruídos nas relações diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos. A postura de Bolsonaro em buscar participar da posse de Trump, mesmo sob medidas cautelares, expõe o Brasil a questionamentos sobre a conduta de seus ex-mandatários e sua capacidade de respeitar decisões judiciais.
Especialistas apontam que a insistência em participar de um evento internacional, ignorando restrições legais internas, pode ser interpretada como um desrespeito à soberania das instituições brasileiras. Por outro lado, uma eventual autorização poderia ser vista como um enfraquecimento da autoridade judicial no país, comprometendo ainda mais a confiança nas medidas adotadas contra figuras investigadas por crimes graves.
Além disso, o episódio pode alimentar narrativas negativas no cenário externo, ampliando a percepção de instabilidade política no Brasil. Observadores internacionais poderiam questionar a coerência da política externa brasileira, caso Bolsonaro fosse autorizado a viajar, mesmo sendo alvo de investigações que incluem acusações de tentativa de golpe de Estado.
Decisão final e impactos
A decisão final cabe ao ministro Alexandre de Moraes, que analisará os argumentos apresentados pela defesa e o parecer da PGR. Qualquer que seja o desfecho, o caso já provoca reflexões sobre os limites entre interesses privados e o respeito às medidas judiciais no contexto da diplomacia.
Se negado o pedido, Bolsonaro poderá reforçar seu discurso de perseguição política, enquanto, se autorizado, o Brasil pode enfrentar críticas pela concessão de privilégios a um investigado de alto perfil. De qualquer forma, o episódio coloca em evidência a complexidade das relações entre política interna e imagem internacional, ressaltando os desafios de equilibrar justiça e diplomacia.
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