As recentes declarações do deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), em que teceu duras críticas ao presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), acirraram os ânimos dentro da bancada do Partido Liberal no estado e expuseram um racha interno entre lideranças bolsonaristas fluminenses.
Durante a sessão plenária desta terça-feira (10), deputados estaduais do PL reagiram com veemência às falas de Jordy, que acusou Bacellar de ser “um esquerdista ligado a sindicatos” e insinuou que sua possível candidatura ao governo do estado seria uma jogada para beneficiar o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD).
A resposta veio de forma contundente e imediata.
O deputado estadual Alexandre Knoploch (PL) foi o primeiro a ocupar a tribuna para repudiar as declarações de Jordy. Em tom agressivo, Knoploch classificou o discurso do deputado federal como “calunioso” e foi direto ao atacá-lo:
— “Carlos Jordy é um cretino. Suas palavras são irresponsáveis e desonram o partido. É inadmissível esse tipo de comportamento vindo de quem se diz representante da direita.”
Douglas Gomes (PL), deputado estadual e ex-vereador de Niterói, que já dividiu palanque com Jordy na campanha de 2024, também foi firme em seu posicionamento:
— “Esse deputado não fala em nome dos bolsonaristas e muito menos em nome do PL.”
A fala de Douglas sinaliza um rompimento simbólico com o aliado de outrora, reforçando o isolamento de Jordy dentro do próprio campo conservador estadual.
A situação ficou ainda mais delicada com a intervenção do deputado estadual Renan Jordy (PL), irmão do deputado federal. Mesmo diante da disputa judicial entre ambos pelo uso do sobrenome político, Renan fez questão de se solidarizar com Bacellar:
— “Vossa excelência tem todo o meu respeito e condição de liderado”, disse a Bacellar.
A disputa pelo nome “Jordy” chegou à Justiça, onde Carlos tentou impedir que o irmão usasse o apelido. A 25ª Vara Cível do Rio, no entanto, negou o pedido, alegando que apelidos não constituem marca registrada.
O líder da bancada do PL na Alerj, deputado Filipe Poubel, também manifestou apoio a Bacellar e endossou a confiança em Renan Jordy:
— “Renan é meu amigo de infância e boto a mão no fogo por ele. O PL tem compromisso com a lealdade e o respeito.”
As declarações de Carlos Jordy, embora representem um movimento estratégico de oposição dentro do espectro conservador, provocaram desconforto generalizado na Alerj. O episódio evidencia a crescente tensão entre o grupo político de Jordy, mais alinhado a uma postura combativa nas redes sociais, e os parlamentares estaduais do PL, que buscam manter um canal de diálogo institucional.
Rodrigo Bacellar, até então visto como uma liderança agregadora na Alerj, vem ganhando força como possível nome para a disputa pelo governo estadual em 2026 — o que parece incomodar setores mais radicais da direita que o acusam de flertar com forças moderadas e de centro-esquerda.
O embate revela uma divisão preocupante dentro da direita fluminense. O episódio mostra que, apesar de compartilharem bandeiras conservadoras, há uma disputa acirrada por protagonismo e controle de narrativas dentro do campo bolsonarista do Rio de Janeiro.
Enquanto Carlos Jordy amplia sua postura de confronto nacional, sua base estadual reage com firmeza para preservar a governabilidade e coesão interna. O resultado é um conflito público que ameaça desestabilizar a imagem de unidade que o PL vinha tentando construir no estado.
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