O Brasil assiste estarrecido a mais um capítulo do completo descontrole nos gastos públicos. O governo comemora que a Lei Rouanet bateu recorde histórico no primeiro semestre de 2025, com R$ 1,42 bilhão captados por projetos culturais, um crescimento de quase 40% em relação ao mesmo período do ano passado.
Mas a pergunta que ecoa entre os brasileiros comuns é simples: dinheiro público para quem?
Enquanto artistas milionários e grandes produtores culturais celebram, a realidade do povo brasileiro segue marcada pela inflação crescente, que corrói salários todos os meses, pelo desemprego estrutural, pelo caos na saúde pública e pela falta de infraestrutura mínima em milhares de cidades. O governo, que distribui generosamente isenções fiscais para a elite cultural, é o mesmo que aumenta impostos para todos os trabalhadores, pressionando ainda mais a economia familiar para tapar os rombos causados por seus próprios desperdícios e projetos de interesse político.
E o pior: a corrupção segue galopante, como revelam escândalos sucessivos em todas as esferas, enquanto o cidadão assiste ao dinheiro que sai do seu bolso financiar shows de ingressos inacessíveis, peças e festivais para um público restrito, sem qualquer retorno prático à imensa maioria da população.
Não se trata de negar a importância da cultura. Mas em um país onde milhões vivem sem saneamento básico, sem escolas adequadas e sem atendimento médico digno, é imoral que o Estado priorize camarins luxuosos antes de garantir dignidade mínima ao seu povo.
No fim, fica claro que a Lei Rouanet, da forma como é aplicada hoje, não é instrumento de fomento cultural amplo, mas sim um mecanismo de privilégio para poucos. Uma festa bancada pela massa empobrecida, que assiste de fora do espetáculo sem sequer ter o que comer na janta.
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