Debate ganha urgência após alertas de especialistas e problemas verificados nas eleições argentinas, com o uso de deepfakes
Brasília - Em meio a um cenário político marcado por crescentes preocupações sobre o uso da Inteligência Artificial (IA) nas eleições, deputados federais tomaram a iniciativa de convocar, para a esta segunda-feira (11), a partir de 14h, uma audiência pública conjunta das Comissões de Legislação Participativa e de Ciência e Tecnologia. O objetivo é discutir e regulamentar o emprego dessa tecnologia no processo eleitoral, após alertas de especialistas e os recentes desdobramentos nas eleições argentinas.
A discussão sobre o uso da IA nas eleições ganhou força após o CEO da OpenAI expressar preocupações extremas diante dos possíveis impactos nocivos dessa tecnologia nas democracias globais, alertando para a urgência de regulamentações. Os apelos dos profissionais de marketing e comunicação política, somados aos eventos pós-eleitorais na Argentina, acenderam um alerta vermelho no parlamento brasileiro, incitando os debates mesmo às vésperas do recesso parlamentar.
A ausência de legislação específica para o uso de IA nas redes sociais durante campanhas eleitorais amplia as preocupações dos especialistas, que temem efeitos negativos e manipulações nas eleições municipais de 2024 no Brasil.
O requerimento para a audiência pública foi apresentado pelo deputado Paulo Fernando (Republicanos/DF), um dos principais impulsionadores desses debates. O parlamentar alertou para a necessidade de atualização da legislação eleitoral diante dos novos desafios, principalmente no que diz respeito à manipulação de informações por meio de deepfakes.
Dentre os convidados para a reunião estão especialistas em IA, marketing político e representantes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O intuito é reunir elementos técnicos para a formulação de um projeto de lei que regule o uso da tecnologia nas eleições.
O marqueteiro político Marcelo Senise, considerado um dos maiores especialistas brasileiros na aplicação da IA na Comunicação Política e idealizador do IRIA (Instituto Brasileiro para a Regulamentação da IA), alerta para um aspecto crítico: "A preocupação não deve se restringir apenas aos deepfakes. A capacidade da IA de segmentar o público e mapear o comportamento emocional humano é o verdadeiro perigo. O caso da Cambridge Analytica nos EUA demonstra isso."
A audiência pública representa um marco inicial nos debates sobre o uso da IA nas eleições brasileiras. Espera-se que os resultados desse evento contribuam para a formulação de políticas regulatórias eficazes, que garantam a transparência e a integridade do processo eleitoral.